O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é o destaque da capa da revista britânica The Economist desta semana. Ele aparece ilustrado com o rosto pintado com as cores do Brasil e usando um chapéu semelhante ao do “viking do Capitólio”, personagem que ficou mundialmente conhecido pela invasão ao Congresso dos Estados Unidos em 2021.
A publicação analisa o julgamento da ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), em que Bolsonaro é acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado.
Segundo a revista, o ex-presidente, descrito como “polarizador” e “Trump dos trópicos”, deve ser considerado culpado junto a seus aliados.
Comparações com os EUA
Em editorial, a Economist compara a forma como os Estados Unidos reagiram aos ataques ao Capitólio em 2021 com a resposta brasileira aos atos de 8 de janeiro de 2023.
Sob o título “Brasil oferece aos Estados Unidos uma lição de maturidade democrática”, o texto afirma que o país “está determinado a salvaguardar e fortalecer sua democracia”, apesar das pressões internacionais.
Para a publicação, o processo contra Bolsonaro é visto por setores da esquerda americana como uma “fantasia”, já que nos EUA Donald Trump continua a desafiar instituições e acumular força política.
“Os Estados Unidos estão se tornando mais corruptos, protecionistas e autoritários”, diz o editorial, em contraste com a condução brasileira.
“Fracasso por incompetência”
O texto ressalta que o plano contra a democracia brasileira “fracassou por incompetência, e não por intenção”.
Ainda assim, a revista avalia que a maioria dos brasileiros acredita que Bolsonaro tentou permanecer no poder por meio de um golpe, e que até mesmo políticos conservadores reconhecem os excessos do ex-presidente.
Esse cenário, afirma a Economist, abriu espaço para reformas e um possível novo pacto político. “A maioria dos políticos brasileiros, tanto de esquerda quanto de direita, quer deixar para trás a loucura de Bolsonaro e sua polarização radical”, conclui a publicação.