
O filho do ex-p residente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), recebeu um repasse de R$ 700 em sua conta no Banco do Brasil feito por um empresário que, até pouco tempo atrás, era proprietário de duas oficinas mecânicas no bairro de Vila Isabel, na zona norte do Rio de Janeiro.
As empresas encerraram as atividades deixando uma fila de credores e ex-funcionários, que hoje recorrem à Justiça do Trabalho para cobrar salários atrasados, verbas rescisórias e outros direitos. Entre os processos, há relatos de empregados que trabalharam meses sem pagamento e de rescisões nunca quitadas.
No inquérito conduzido pela Polícia Federal, ao qual o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) foi anexado, não há menção clara sobre o motivo ou a finalidade da transação de R$ 700.
Milhões em movimentações
Segundo o Coaf, valores muito mais expressivos foram identificados em nome da família Bolsonaro. Entre março de 2023 e junho de 2025, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) movimentou R$ 4,1 milhões, enquanto o vereador Carlos Bolsonaro registrou R$ 4,8 milhões em um ano. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro somou R$ 44 milhões no mesmo período.
O simbolismo do repasse
Embora modesto diante das cifras milionárias atribuídas ao clã, o pagamento chama a atenção por expor novamente a rede de relações políticas e financeiras em torno da família. O repasse ao vereador ocorreu no mesmo período em que o ex-dono das oficinas acumulava dezenas de ações trabalhistas nos tribunais.
Para especialistas, a coincidência entre a falência das oficinas e a transferência a Carlos Bolsonaro ainda carece de explicações. O episódio, somado ao histórico de investigações sobre movimentações atípicas envolvendo a família, adiciona mais uma peça ao mosaico de conexões entre política e empresários em dificuldades — em que até valores aparentemente pequenos podem revelar engrenagens maiores de poder.