
O relatório da Polícia Federal, baseado em informações do Coaf, aponta que Jair Bolsonaro (PL) movimentou R$ 44,3 milhões entre março de 2023 e junho de 2025. Os números impressionam, sobretudo pelo fato de o ex-presidente não exercer atividade empresarial ou profissional que justifique, de forma transparente, esse volume de recursos. Ainda que não haja, até o momento, comprovação de ilegalidades, a magnitude das transações exige explicações consistentes.
O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, fez duras críticas ao ex-presidente. Nas redes sociais, Freixo ironizou o volume de recursos em nome do ex-mandatário.
“R$ 30 milhões em um ano sem trabalhar. Esse foi o dinheiro que entrou nas contas de Jair Bolsonaro em um ano. Algum bolsonarista por favor pode vir me explicar? Estão todos calados? Marque aqui seu bolsonarista favorito, me ajude a entender”.
O papel das doações via Pix
Grande parte dos valores — cerca de R$ 19 milhões — veio de doações de apoiadores via Pix.
Essa modalidade, embora legal, levanta questionamentos sobre a ausência de mecanismos de transparência que regem, por exemplo, o financiamento partidário oficial.
O caso de Bolsonaro expõe uma lacuna regulatória: como diferenciar o que é apoio legítimo de eleitores e o que pode configurar, em determinadas circunstâncias, tentativa de mascarar outras origens de recursos?
Transferências e pagamentos de alto valor
Outro ponto sensível do relatório são as transferências milionárias realizadas para familiares e escritórios de advocacia, além de operações internacionais envolvendo Eduardo Bolsonaro. Tais movimentações, mesmo quando justificadas como despesas pessoais ou jurídicas, tornam-se objeto de investigação pela falta de registros claros em depoimentos e pela incompatibilidade aparente com a renda declarada da família.
A importância da transparência política
O caso Bolsonaro abre uma discussão mais ampla sobre como líderes políticos, mesmo fora do exercício de cargos públicos, devem prestar contas de sua vida financeira. Em democracias sólidas, a confiança da sociedade depende não apenas da legalidade, mas também da clareza com que figuras públicas demonstram a origem e o destino de seus recursos.
No atual cenário, a ausência de respostas objetivas pode alimentar suspeitas que fragilizam ainda mais a relação entre representantes e representados.