Trump, Eduardo e Bolsonaro
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Trump, Eduardo e Bolsonaro


O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) voltou a adotar um discurso abertamente antidemocrático ao sugerir, durante uma live nas redes sociais, que os Estados Unidos poderiam usar seu poderio militar para intervir no Brasil. A declaração, feita com ironia, insinua que seria mais fácil um porta-aviões norte-americano "chegar ao Lago Paranoá", em Brasília, do que representantes do governo brasileiro serem recebidos com respeito na capital dos Estados Unidos, Washington.

A referência ao Lago Paranoá remete a uma fala recente do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que ironizou a ideia de interferência estrangeira em entrevista à revista The New Yorker. Para Moraes, qualquer tentativa de ingerência externa só seria possível “se um porta-aviões dos Estados Unidos aparecesse no Lago Paranoá”.


A fala ocorre em meio à pior crise diplomática em anos

As declarações de Eduardo Bolsonaro não surgem por acaso. Elas coincidem com o momento mais delicado da relação diplomática entre Brasil e Estados Unidos em décadas.

A tensão se intensificou após o presidente Donald Trump, eleito para um segundo mandato,  impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A justificativa, segundo o governo norte-americano, seria a "perseguição judicial" ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Trump foi além das palavras diplomáticas e chegou a publicar uma carta em defesa de Bolsonaro, pedindo que seu julgamento fosse “imediatamente interrompido” e chamando o sistema de Justiça brasileiro de “injusto”. O gesto, inédito na história recente entre os dois países, foi interpretado como interferência direta nos assuntos internos do Brasil.

Governo brasileiro reage, mas evita confrontos

Apesar da gravidade da situação, a resposta do governo brasileiro tem sido contida.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, criticou a decisão de Trump, afirmando que “Judiciário e tarifas são coisas que não têm nenhum nexo”. Alckmin defendeu o Estado de Direito e reiterou que o governo federal seguirá buscando diálogo com Washington.

Escalada verbal contra STF e Lula

Na mesma transmissão em que sugeriu o uso de força militar pelos EUA, Eduardo Bolsonaro retomou ataques ao STF e ao presidente Lula (PT). O alvo principal voltou a ser Alexandre de Moraes, tratado pelo deputado como símbolo de uma suposta “ditadura judicial”. Eduardo chegou a dizer que “o negócio é o Alexandre de Moraes”, insinuando que o ministro é o verdadeiro comandante de um regime autoritário.

Em outro momento, Eduardo usou termos ofensivos para se referir a Lula, chamando-o de “bêbado agonizante” — ainda que tenha, em tom dúbio, declarado que o petista “não é o principal responsável pelos problemas do país”.

Discurso golpista resiste no coração do bolsonarismo

As declarações de Eduardo Bolsonaro expõem a permanência do discurso golpista entre os apoiadores mais radicais do ex-presidente. Mesmo após os atos de 8 de janeiro de 2023 e a intensificação das investigações sobre a tentativa de golpe, o deputado insiste em narrativas de ruptura institucional, agora acompanhadas por uma retórica pró-intervenção estrangeira.


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