Três posses do presidente Lula
Agência Brasil
Três posses do presidente Lula


O debate sobre a taxação de grandes fortunas, impulsionado por influenciadores alinhados ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou destaque nas redes sociais e reacendeu a polarização política no ambiente digital. A proposta, apresentada como uma forma de justiça fiscal, foi difundida com o slogan “Taxação dos Super-Ricos” e mobilizou diversos perfis de apoio ao governo federal.

De acordo com levantamento da consultoria Bites , entre os dias 17 de junho e 4 de julho, mais de 1 milhão de publicações abordaram o tema nas redes sociais, indicando que a agenda conseguiu repercutir amplamente para além dos canais oficiais do governo.


Reação da oposição bolsonarista

A oposição, inicialmente silenciosa diante do tema, passou a se manifestar com mais intensidade após um protesto realizado por movimentos sociais de esquerda — como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Frente Povo Sem Medo — que ocuparam temporariamente a sede do banco Itaú BBA, localizada na Avenida Faria Lima, em São Paulo.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e o senador Rogério Marinho (PL) criticaram a ação e associaram o protesto às falas do presidente Lula sobre a taxação dos super-ricos. Nikolas afirmou nas redes sociais que “manifestantes de extrema-esquerda” invadiram o local no mesmo dia em que o presidente exibiu um cartaz sobre o tema em um evento em Salvador, sugerindo que Lula poderia estar estimulando ações radicais.

Já o senador Rogério Marinho declarou que o governo estaria promovendo uma divisão artificial no país, ao tratar o debate como um confronto entre “ricos e pobres” ou “patrões e trabalhadores”.

Influenciadores lulistas organizam resposta

Em resposta às críticas, influenciadores digitais ligados ao governo federal reagiram por meio de grupos de WhatsApp criados e organizados por dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT). Um desses grupos, nomeado “Clube de Influência de Lula”, reúne mais de 300 integrantes, segundo relatos, e tem sido utilizado para coordenar postagens e campanhas nas redes sociais.

Em mensagens compartilhadas no grupo, membros sugeriram formas de responder às críticas de Nikolas Ferreira, utilizando o mesmo slogan adotado pelos governistas — “BBB”, sigla para bilionários, bancos e bets (casas de apostas) — e adaptando-o para atacar os opositores. Algumas mensagens também trouxeram referências pessoais ao deputado, mencionando casos envolvendo familiares.

Perfis como “Petistas de Coração” e “Eu tô com Lula”, que juntos somam quase 800 mil seguidores no Instagram, compartilharam conteúdos alinhados a essa estratégia de resposta, reiterando o discurso de que a taxação é necessária para equilibrar a carga tributária brasileira.

Disputa por narrativas segue intensa

A troca de mensagens e publicações entre os dois campos evidencia como os debates econômicos e políticos continuam sendo instrumentalizados nas redes sociais por meio de campanhas coordenadas. Enquanto o governo busca popularizar a pauta da taxação com apelo social, a oposição tenta associar a proposta a radicalismos e ataques ao setor produtivo.

A dinâmica reflete o ambiente digital altamente polarizado, no qual ações políticas e manifestações públicas são rapidamente absorvidas por disputas narrativas, hashtags e mobilizações coordenadas. A discussão sobre justiça fiscal, embora relevante para o país, acaba muitas vezes ofuscada pela retórica partidária e pelo embate digital.


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