Um dos maiores empecilhos para que o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) seja indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) não está em sua biografia, tampouco em sua atuação jurídica ou política — mas em quem assumiria seu lugar no Senado.
O suplente bolsonarista
O suplente de Pacheco é o ex-deputado Renzo Braz (PP-MG), um bolsonarista de carteirinha. Braz declarou apoio a Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 e, anos antes, em 2013, votou contra a abertura de processo contra o então deputado Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara, quando o ex-presidente foi acusado de quebra de decoro parlamentar.
Um risco político para o governo Lula
Com esse histórico, não há dúvida sobre o alinhamento político de Renzo Braz. E, convenhamos, a última coisa que o governo Lula precisa em 2026 é mais um voto de oposição no plenário do Senado — especialmente num momento em que cada assento conta nas articulações entre Executivo e Legislativo.
Um nome técnico, um cálculo político
Assim, a eventual indicação de Pacheco ao STF deixou de ser uma simples escolha técnica. Tornou-se um movimento de xadrez político, no qual Lula precisa pesar o prestígio e a influência do ex-presidente do Senado contra o risco de entregar mais poder ao bolsonarismo dentro da Casa.
A escolha de Lula para o STF nunca é puramente técnica — e, neste caso, a política fala mais alto. A indicação de Pacheco, que parecia natural há alguns meses, empacou nas planilhas de governabilidade do Planalto.
Com um Congresso hostil e votações delicadas no horizonte, entregar uma cadeira ao bolsonarismo seria suicídio tático. Assim, ainda que o nome de Pacheco agrade ao Supremo e a parte da elite jurídica, o fator Renzo Braz virou o verdadeiro “voto de Minerva” dessa disputa.
Quando o suplente vira o verdadeiro problema
No fim das contas, o que deveria ser uma disputa de currículos e notáveis saberes jurídicos se transformou num dilema de sobrevivência política. Lula pode até admirar o perfil institucional de Pacheco, mas, ao que parece, é o suplente quem anda tirando o sono do Planalto.
Quem ganha força
Diante desse impasse, Jorge Messias surge como o nome mais próximo do presidente — é da confiança direta de Lula e tem perfil jurídico sólido. Bruno Dantas, por sua vez, conta com apoio político de caciques do Congresso, enquanto Daniela Teixeira representa o desejo de parte da comunidade jurídica de ver mais mulheres na Corte.
Mas, em Brasília, todos sabem: a sucessão de Barroso será decidida menos por afinidade e mais por risco. E, por ora, o risco tem endereço mineiro.