Nikolas Ferreira
Câmara dos Deputados


A decisão dos Estados Unidos de revogar a ordem que previa sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na Lei Magnitsky, expôs mais do que um revés diplomático para aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. O episódio escancarou uma disputa interna pelo comando da ultradireita brasileira e revelou fissuras profundas no núcleo bolsonarista.

Ofensiva internacional fracassa e expõe articulação bolsonarista

A revogação da medida — que teria sido negociada diretamente entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o então presidente norte-americano Donald Trump — desmontou uma articulação internacional conduzida por aliados de Bolsonaro no exterior. A iniciativa tinha como pano de fundo pressionar instituições brasileiras e, nos bastidores, criar obstáculos jurídicos ao avanço de investigações que cercam o ex-presidente.

Eduardo Bolsonaro atua no exterior e transfere culpa a aliados no Brasil

No centro dessa articulação esteve o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que, a partir dos Estados Unidos, buscou apoio político e ideológico para a aplicação das sanções. Com o fracasso da empreitada, Eduardo optou por transferir a responsabilidade aos próprios aliados que permaneceram no Brasil.

Em nota pública divulgada nas redes sociais, o parlamentar atribuiu a derrota à “sociedade brasileira”, à “falta de coesão interna” e ao que chamou de “insuficiente apoio às iniciativas conduzidas no exterior”. A mensagem foi assinada em conjunto com o influenciador Paulo Figueiredo, neto do ex-ditador João Baptista Figueiredo, personagem recorrente em ações de pressão internacional contra o Judiciário brasileiro.


“Lamentamos que a sociedade brasileira, diante da janela de oportunidade que teve em mãos, não tenha conseguido construir a unidade política necessária para enfrentar seus próprios problemas estruturais” , escreveu Eduardo.

Nota pública acirra racha na ultradireita

A manifestação provocou reação imediata dentro do próprio campo bolsonarista e aprofundou um conflito que já vinha sendo tratado nos bastidores. Parlamentares e influenciadores ligados ao ex-presidente passaram a trocar acusações públicas, expondo a fragilidade da articulação política do grupo.

Nikolas Ferreira reage e disputa liderança do bolsonarismo

A resposta mais contundente veio do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que emergiu como protagonista da reação interna e passou a disputar, de forma explícita, a liderança política do grupo. Em uma publicação direta, Nikolas classificou a narrativa de Eduardo como falsa e intelectualmente desonesta.

“Atribuir ao povo brasileiro ou aos parlamentares a responsabilidade por uma decisão geopolítica tomada pelos Estados Unidos não é apenas um erro de análise — é uma fraude intelectual”, afirmou.

Acusações de fraude intelectual e covardia política

Nikolas também criticou o fato de Eduardo atuar a partir do exterior enquanto aliados enfrentam o desgaste político e jurídico no Brasil. Segundo ele, há uma tentativa deliberada de deslocar responsabilidades.

“Trata-se de uma tentativa conveniente de simplificar um cenário complexo, deslocando injustamente a responsabilidade para quem, na prática, tem enfrentado pressões e riscos reais dentro do país”, escreveu.

Bastidores revelam desgaste do clã Bolsonaro

O deputado mineiro acusou Eduardo de agir com “perversidade” ao responsabilizar bolsonaristas que, segundo ele, “pagam um preço alto” por confrontar decisões do Judiciário brasileiro.

Apontar o dedo para esses é mais do que injusto: é perverso. Sou testemunha do árduo trabalho dos meus colegas parlamentares na busca pela liberdade do país”, declarou.

Disputa interna marca reorganização da extrema direita

O embate revelou mais do que um conflito pessoal. Nos bastidores, lideranças avaliam que o fracasso da ofensiva internacional enfraqueceu o clã Bolsonaro e abriu espaço para uma reorganização da extrema direita, com novos atores buscando protagonismo político.

Fracasso da pressão contra o STF abre nova crise no bolsonarismo

O confronto teve seu desfecho com um ataque direto de Nikolas à postura de Eduardo, acusado de criar “narrativas infantis” e de perder o compromisso com a verdade.

“O país não precisa de bodes expiatórios nem de narrativas infantis. Precisa de lucidez, caráter e união”, afirmou o deputado, em um recado que soa como ruptura pública dentro do bolsonarismo.

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