
De "olho" nos votos da direita em 2026, a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), saiu em defesa de Jair Bolsonaro (PL) ao afirmar que o Complexo Penitenciário da Papuda “não tem condições” de abrigar o ex-presidente. Condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro, segundo ela, deveria receber tratamento diferenciado — com dieta especial e cuidados redobrados.
“Ele precisa de uma dieta especial, tem idade avançada, trata-se de um ex-presidente. Se for bem cuidado, vai ter uma vida prolongada”, afirmou Celina, ao sugerir que o ex-mandatário mereceria um regime de atenção incompatível com o sistema prisional comum.
A vice-governadora também criticou as condições da Papuda, presídio que abriga milhares de detentos do DF. “Não temos condições de preparar uma comida especial de que ele necessita por causa das cirurgias. E, mesmo nas áreas mais isoladas, as condições não são adequadas para um ex-presidente”, disse.
Alinhamento e simbolismo político
As declarações de Celina reforçam sua proximidade com a família Bolsonaro e seu esforço para se manter no radar do eleitorado conservador. Amiga da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ela é presença frequente em atos pró-anistia e, em agosto, esteve na casa onde o ex-presidente cumpre prisão domiciliar preventiva, de onde saiu rasgando elogios à família.
Enquanto aliados tentam suavizar o discurso e conter o desgaste político do entorno bolsonarista, Bolsonaro aguarda o julgamento de um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF). Na última sexta-feira (7), a Primeira Turma da Corte rejeitou por unanimidade um pedido da defesa. O julgamento virtual segue até esta sexta (14).
Com o esgotamento dos recursos, Bolsonaro poderá ser transferido para um presídio — ainda que, segundo Celina Leão, a Papuda não esteja “à altura” de receber seu hóspede mais ilustre.
100 dias prisão
Ontem, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) completou 100 dias em prisão domiciliar, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além do confinamento, ele está sujeito a medidas cautelares, como proibição de usar celular e impedimento de contato com outros investigados.
A prisão domiciliar foi decretada após Bolsonaro descumprir restrições anteriores impostas no âmbito do inquérito que apura a atuação de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em ataques ao sistema Judiciário.
No mesmo processo, o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, apresentou denúncia contra Eduardo Bolsonaro, acusando-o de incitar desobediência às instituições e promover desinformação contra o STF.
