O Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Liberal (PL) travam uma intensa batalha nos bastidores do Senado para definir o comando da recém-criada CPI das Organizações Criminosas. A falta de consenso entre as bancadas tem adiado o anúncio oficial da presidência da comissão, que deve investigar a atuação de facções, o papel dos estados e as operações policiais em todo o país.

O governo tenta convencer o senador Fabiano Contarato (PT), delegado aposentado da Polícia Civil, a assumir o posto, mas ele tem demonstrado resistência. Diante da recusa, o líder da bancada petista, Rogério Carvalho (PT-SE), passou a ser cogitado como alternativa. Pelo lado bolsonarista, o nome mais forte é o do senador Flávio Bolsonaro (PL), presidente da Comissão de Segurança Pública e figura de destaque da chamada “bancada da bala”. A escolha é vista como estratégica: o comando da CPI terá poder de definir a pauta, aprovar requerimentos de investigação e direcionar o foco político das apurações.


CPI nasce em meio à crise na segurança e à disputa eleitoral

A relatoria deve ficar com o senador Alessandro Vieira (MDB), considerado um nome técnico e de consenso entre os blocos. Vieira pretende colocar em votação já amanha o plano de trabalho e os primeiros requerimentos de convites, convocações e pedidos de informação.

A criação da CPI ocorre logo após a chacina no Rio de Janeiro, durante uma operação policial sob o comando do governador Cláudio Castro (PL). O episódio gerou forte repercussão nacional e críticas de entidades de direitos humanos, reacendendo o debate sobre o uso da força e a eficácia do enfrentamento às facções criminosas.

Nos bastidores, senadores avaliam que a CPI pode se transformar em uma plataforma política para a direita, que tenta recuperar espaço após uma série de reveses recentes — entre eles, a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o fracasso da tentativa de anistiar os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro e o fortalecimento do governo federal no controle da CPI do INSS.

Com a disputa entre PT e PL, a comissão tende a se tornar mais um palco da polarização que domina o Congresso, misturando interesses eleitorais, estratégias partidárias e o desafio concreto de combater o crime organizado no país.

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