
A primeira-dama Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, tem desempenhado um papel ativo e influente no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre suas atribuições extraoficiais, Janja exerce um controle rigoroso sobre as chamadas telefônicas destinadas ao presidente, especialmente à noite e nos fins de semana. Lula, que não utiliza celular, depende da triagem realizada por sua esposa para decidir com quem falar. Ministros e outras autoridades precisam da autorização da primeira-dama para conseguir contato direto com o chefe do Executivo.
Percepção do público
Uma pesquisa realizada pelo PoderData entre 15 e 17 de março de 2025 revela que a atuação de Janja no governo tem gerado divisão de opiniões entre os eleitores. Entre aqueles que dizem conhecer bem ou já terem ouvido falar da primeira-dama, metade desaprova sua participação no governo. Esse índice aumentou três pontos percentuais nos últimos seis meses, dentro da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Por outro lado, 29% dos entrevistados afirmam aprovar sua influência, enquanto 21% não souberam opinar sobre o assunto. O levantamento também apontou um crescimento no reconhecimento de Janja entre os brasileiros: antes da eleição de Lula, em setembro de 2022, 63% diziam conhecê-la de alguma forma. Esse percentual subiu para 83%, sendo 37% os que afirmam conhecê-la bem e 46% os que apenas ouviram falar dela. Apenas 17% dos eleitores dizem desconhecê-la por completo.
Uma agenda intensa e a repercussão política
Mesmo sem um cargo oficial no governo, Janja tem marcado presença em eventos institucionais e participa de viagens oficiais ao lado do marido. Desde o início do terceiro mandato, acompanhou Lula em compromissos internacionais, incluindo as Olimpíadas no Qatar, a Assembleia Geral da ONU e, atualmente, no Japão, onde participa dos preparativos para a chegada do presidente. Depois da passagem pelo país asiático, a primeira-dama segue para Paris, na França, onde representará o Brasil na Cúpula Nutrição para o Crescimento (N4G), entre 26 e 30 de março, a convite do próprio Lula.
Essa agenda movimentada e sua presença ativa nos bastidores do governo despertaram críticas, principalmente da oposição e de setores contrários ao governo. Alvos frequentes das redes sociais, os compromissos de Janja passaram a ser questionados quanto à transparência. Em resposta, ela começou a divulgar sua agenda no Instagram, mas pouco tempo depois fechou sua conta e interrompeu a publicação de seus compromissos diários.
A crescente participação de Janja no governo e sua influência sobre as decisões presidenciais seguem como ponto de debate político. Enquanto aliados veem nela uma figura atuante e alinhada com os ideais do governo, opositores questionam seu papel e a falta de um cargo oficial que justifique sua presença constante na administração federal.