
No dia 16 de junho de 2025, o Estádio do Maracanã completou 75 anos de história. Inaugurado em 1950, tornou-se não apenas o principal palco do futebol brasileiro, mas também uma das arenas esportivas mais emblemáticas do mundo. Desde o primeiro gol — marcado por Didi, em um confronto entre as seleções de São Paulo e do Rio de Janeiro — o “Maraca”, como é carinhosamente chamado, foi cenário de momentos inesquecíveis do esporte e da cultura.
Foi ali que quase 200 mil torcedores testemunharam, com lágrimas nos olhos, a derrota do Brasil para o Uruguai na final da Copa do Mundo de 1950, no maior público já registrado no estádio: 199.854 pessoas. Também foi lá que Pelé marcou seu milésimo gol, contra o Vasco, em 1969, e onde Zico se consagrou como maior artilheiro da história do estádio, com 333 gols.
Além do futebol, o Maracanã firmou-se como espaço multicultural. Em 1980, recebeu o lendário show de Frank Sinatra, em uma noite chuvosa diante de um público estimado entre 145 mil e 170 mil pessoas — a maior plateia da carreira do cantor norte-americano. Em 1991, o estádio sediou uma edição histórica do Rock in Rio, abrindo caminho para apresentações de Paul McCartney, Madonna, Rolling Stones, entre outros ícones da música mundial.
Eventos religiosos também marcaram a trajetória do estádio, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro. Por lá passaram o Papa João Paulo II e o pastor Billy Graham, reunindo multidões.
A Alma do Estádio: Mário Filho, o jornalista que deu nome ao Maracanã
O nome oficial do Maracanã é uma homenagem a uma figura central da imprensa esportiva brasileira: o jornalista Mário Leite Rodrigues Filho. Nascido em Pernambuco, Mário Filho (1908–1966) foi o pioneiro da crônica esportiva e uma personalidade influente na cultura carioca. Irmão do também célebre Nelson Rodrigues, Mário transformou o futebol em tema literário e jornalístico.
Foi ele quem idealizou o primeiro desfile oficial das escolas de samba do Rio de Janeiro, realizado em 1932, na Praça Onze, por meio de seu jornal Mundo Esportivo — a primeira publicação dedicada exclusivamente ao esporte no Brasil.
Seu apoio público à construção do Maracanã e sua dedicação ao jornalismo esportivo foram decisivos para que o estádio recebesse seu nome. Mário Filho popularizou o futebol com uma linguagem leve e acessível, aproximando o torcedor do cotidiano dos atletas. Criou expressões marcantes, como “Fla-Flu”, e inspirou os atuais formatos de programas esportivos e resenhas.
Autor de livros fundamentais como O Negro no Futebol Brasileiro (1947), Romance do Foot-ball (1949) e Viagem em Torno de Pelé (1964), também escreveu a biografia de seu amigo Cândido Portinari, intitulada Infância de Portinari.
Mário Filho faleceu em 1966, aos 58 anos, vítima de um infarto. Em um de seus textos, afirmou: “O jornal jamais prejudicou minha vida literária. Sempre tive a preocupação de transportar para o jornal o que viria a ser a crônica, o conto e o romance.” A afirmação se confirmou, como demonstra a obra e o legado deixados à posteridade.
Reverenciar o Maracanã é, portanto, também honrar a memória do jornalista que ajudou a moldar o Brasil esportivo e cultural. Mário Filho tem, em sua trajetória, a mesma grandeza do estádio que carrega seu nome — o eterno Templo do Futebol.