
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), deverá anunciar, até o final de 2025, sua disposição em disputar a Presidência da República em 2026. A pré-campanha será iniciada de forma gradual para evitar a percepção de abandono da administração estadual, e será conduzida sem a adesão ao núcleo político da família Bolsonaro.
A estratégia busca consolidar uma alternativa liberal moderada no campo da direita, evitando a associação com pautas populistas ou autoritárias.
Construção de imagem nacional e fortalecimento técnico
Desde abril, Zema conta com a consultoria de Renato Pereira, publicitário com histórico em campanhas eleitorais de alcance nacional, como a de Aécio Neves (PSDB) à Presidência, em 2014, e de Sérgio Cabral ao governo do Rio de Janeiro.
A atuação de Pereira visa à construção de uma imagem pública nacional de Zema, enfatizando sua trajetória calcada na ideia dele ser gestor eficiente, empresário bem-sucedido e defensor de políticas econômicas liberais.
A avaliação de sua equipe política é que a aprovação que Zema detém em Minas Gerais — segundo maior colégio eleitoral do país — constitui uma vantagem comparativa relevante, especialmente considerando a fragmentação do eleitorado de direita.
O objetivo é apresentar-se como uma opção racional, reformista e previsível, atributos valorizados por setores do empresariado e do mercado financeiro.
Alinhamento com economistas liberais e formulação programática
Zema já iniciou interlocuções com economistas de orientação liberal, buscando apoio técnico e densidade programática para sua eventual candidatura.
Entre os interlocutores frequentes estão Marcos Lisboa, Samuel Pessôa, Carlos da Costa, Mansueto Almeida, Marcos Troyjo e Pedro Jobim — nomes reconhecidos por sua atuação em políticas públicas orientadas pela responsabilidade fiscal, estímulo à competitividade e defesa de privatizações.
Os temas centrais dessas interlocuções incluem a gestão da dívida pública, propostas de desestatização, modernização administrativa e desenho de políticas macroeconômicas compatíveis com o ambiente institucional brasileiro.
A movimentação visa também a consolidar o discurso de Zema como o representante legítimo de uma agenda liberal, em contraste com candidaturas que, embora de direita, não possuem a mesma consistência programática.
Estratégia de diferenciação no campo da direita
Ao optar pela desvinculação da família Bolsonaro, Zema busca se posicionar como uma candidatura liberal autônoma, afastando-se da retórica de confronto institucional e de pautas antiliberais frequentemente associadas ao bolsonarismo.
Essa decisão estratégica pretende conquistar parcelas do eleitorado mais identificadas com a estabilidade macroeconômica e a previsibilidade regulatória, evitando a dependência de uma base política radicalizada.
No entanto, a fragmentação do campo à direita, com potenciais candidaturas de nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ronaldo Caiado (União-Brasil) e Michelle Bolsonaro (PL) configura um ambiente competitivo e de difícil coesão.
A capacidade de Zema em ampliar sua notoriedade nacional e consolidar alianças políticas será determinante para a viabilidade de sua candidatura.
Embora detenha ativos políticos relevantes — como a alta aprovação em Minas e a ausência de desgastes associados a polarizações ideológicas extremas —, Zema enfrentará desafios significativos na construção de uma candidatura nacional competitiva.
A necessidade de equilibrar a gestão estadual com a pré-campanha, ampliar sua base política para além do Novo e construir uma narrativa capaz de dialogar com o eleitorado médio brasileiro são pontos críticos.