
A fuga da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP), condenada a mais de 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), gerou forte repercussão política e jurídica no Brasil e no exterior. No entanto, um dos personagens mais próximos de sua trajetória recente, o senador Sergio Moro (União-PR), permanece em absoluto silêncio.
Zambelli, que teve Moro como padrinho de casamento em 2020, fugiu para a Europa e é alvo de mandado de prisão preventiva e de pedido de inserção na lista de procurados da Interpol. O caso reacende o debate sobre alianças políticas, rupturas e silêncios estratégicos no cenário nacional.
De padrinho de casamento a desafeto político
Em 2020, Sergio Moro participou como padrinho do casamento entre Carla Zambelli e o coronel Aginaldo Oliveira, então comandante da Força Nacional. O evento mostram Moro sorridente ao lado da deputada bolsonarista, que, à época, era uma das suas principais defensoras no Congresso.
No entanto, a relação política e pessoal entre ambos se deteriorou rapidamente
Poucos meses depois, Moro rompeu com ex- presidente Jair Bolsonaro e deixou o governo federal, enquanto Zambelli se manteve fiel ao presidente, aprofundando sua retórica radical e se tornando uma das principais lideranças do bolsonarismo.
O silêncio de Moro e a fuga da ex-aliada
Embora ativo nas redes sociais e sempre pronto a comentar episódios da política nacional, Sergio Moro optou por não se manifestar sobre a fuga da ex-aliada. O senador sequer comentou a ordem de prisão emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra Zambelli, nem o pedido de inclusão dela na lista da Interpol.
A decisão de Zambelli de fugir para a Europa foi interpretada pelo Supremo como uma tentativa clara de escapar da aplicação da lei penal. O ministro Moraes ressaltou o “intuito criminoso” da deputada, que continuou a incitar extremistas ao transferir suas redes sociais para a mãe, mantendo a divulgação de conteúdos golpistas e ataques ao Judiciário.
Da militância bolsonarista ao papel de fugitiva internacional
Zambelli confirmou estar a caminho da Itália, país do qual possui cidadania. O movimento é visto como uma tentativa de repetir a estratégia de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atuando como lobbyista da extrema direita brasileira junto a partidos e organizações conservadoras europeias.
Moraes também determinou o bloqueio de bens e contas bancárias de Zambelli, além da suspensão de repasses de verba parlamentar ao seu gabinete. O caso coloca a deputada na condição de fugitiva internacional, enquanto o Supremo busca sua responsabilização plena.
Contexto histórico: de aliados na Justiça a antagonistas políticos
A aproximação entre Moro e Zambelli ocorreu no auge da Operação Lava Jato e se consolidou durante o período em que Moro atuou como ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. Zambelli foi uma das parlamentares mais fiéis ao então ministro, defendendo suas ações e promovendo pautas de endurecimento penal.
Com o rompimento de Moro com Bolsonaro, em 2020, as trajetórias se distanciaram drasticamente. Enquanto Zambelli radicalizou ainda mais seu discurso, Moro buscou construir uma imagem de político independente, elegendo-se senador pelo Paraná e tentando se afastar da polarização que o bolsonarismo representa.