
Um vídeo que circula nas redes sociais — impulsionado por perfis ligados à base bolsonarista — tenta vender ao público uma narrativa: a de que Janja, primeira-dama do Brasil, teria viajado sozinha à Rússia em um avião cargueiro da Força Aérea Brasileira (FAB), levando mais de 200 malas cheias de dinheiro. Outras versões da mesma mentira acrescentam ingredientes ainda mais delirantes: barras de ouro, sigilo presidencial e até envolvimento do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Nenhum desses elementos é verdadeiro. Não há qualquer viagem secreta, muito menos transporte de valores ou denúncias formais envolvendo a primeira-dama. O uso de aeronaves da FAB por autoridades em compromissos oficiais é legal, rotineiro e documentado. A história que se espalha online é completamente fabricada, sem base factual, jurídica ou lógica.
O roteiro repetido das fake news
O vídeo em questão segue o padrão já conhecido da desinformação digital: imagens soltas, narração sensacionalista, trilha sonora dramática e ausência completa de provas. Apresenta uma versão conspiratória dos fatos com o único objetivo de gerar revolta e mobilizar politicamente por meio da mentira.
A técnica é eficaz para quem quer manipular a opinião pública. Ao criar um enredo fantasioso, que mistura elementos de riqueza ilícita, conspiração internacional e suposto sigilo, os autores da fake news apelam ao emocional do espectador. E não é à toa que essas peças costumam viralizar nos grupos bolsonaristas: há um esforço coordenado para transformar desinformação em ferramenta política.
Trata-se de uma inversão deliberada da realidade, feita com o claro intuito de transferir responsabilidades e confundir a população. O atual governo foi, o responsável por investigar e combater o esquema, que envolvia autorizações irregulares para descontos automáticos nas aposentadorias de milhares de brasileiros.
Uma estratégia de desestabilização
Não é a primeira vez — nem será a última — que mentiras desse tipo são disseminadas para atacar o presidente e sua esposa. Já circularam, por exemplo, boatos igualmente infundados de que Lula teria levado dinheiro ao Banco do Vaticano. Assim como agora, nenhuma prova, nenhum documento, nenhum registro oficial acompanhava as acusações.
O padrão se repete: vídeos manipulados, frases apelativas, desinformação em massa. O objetivo é sempre o mesmo — criar dúvida, desacreditar instituições e enfraquecer lideranças públicas por meio da mentira.
O papel do jornalismo e da sociedade
Num cenário em que a mentira ganha velocidade e alcance com poucos cliques, o combate à desinformação precisa ser contínuo. Cabe ao jornalismo profissional, às instituições democráticas e à sociedade civil organizar respostas rápidas e eficazes a esse tipo de ataque.
A verdade pode até demorar a se espalhar, mas ela tem a vantagem de ser sustentada por fatos. E, no fim, é com ela que se constrói uma democracia sólida e resistente às manipulações da era digital.