Rodrigo Lopes

Eduardo Bolsonaro quer sanções contra Alcolumbre e Gilmar Mendes

Deputado tenta incluir Gilmar Mendes e Davi Alcolumbre em sanções, usando a Lei Magnitsky como arma política no cenário internacional

Trump, Eduardo e Bolsonaro
Foto: Rede social
Trump, Eduardo e Bolsonaro


A tentativa de Eduardo Bolsonaro de levar o nome do ministro Gilmar Mendes e do presidente do Congresso Davi Alcolumbre ao radar de sanções dos Estados Unidos é mais do que um gesto simbólico: é a radicalização de um embate interno que agora busca legitimidade no cenário internacional. A movimentação, segundo aliados, será tema de agendas em Washington, em meio à expectativa de que o governo de Donald Trump retorne a adotar a Lei Magnitsky como ferramenta de pressão política.


O alvo declarado são dois personagens centrais do tabuleiro institucional brasileiro: Gilmar Mendes, ministro que, mesmo admitindo “excessos” de Alexandre de Moraes, manteve seu apoio; e Davi Alcolumbre, que se recusou a abrir processo de impeachment contra Moraes, ignorando o clamor da oposição. Para Eduardo e seu grupo, ambos se tornaram “protetores” do ministro do STF — e, portanto, passíveis de punição.

Deputado tinha recuado

O gesto, no entanto, carrega um paradoxo. O próprio deputado já admitiu ter retirado os nomes de Gilmar e Luís Roberto Barroso de uma lista anterior de sanções, alegando que queria “dar mais tempo” para que reconsiderassem suas posições sobre Bolsonaro e a anistia. A pressão, agora, retorna com força, mas embalada na narrativa de defesa da “liberdade” — um discurso que, na prática, mira rivais e preserva aliados.

Ao buscar apoio externo para enquadrar figuras do alto escalão brasileiro, Eduardo Bolsonaro coloca em xeque a própria soberania do país. Mais do que um debate jurídico, trata-se de um jogo político arriscado, em que a diplomacia é usada como arma e o desgaste institucional, longe de ser contido, tende a se aprofundar.