Rodrigo Lopes

Janja Silva na mira: críticas, gastos e pressões sobre o marido

Com a queda de Lula nas pesquisas, Janja da Silva vira alvo de críticas, ações no MPF e desgaste político dentro e fora do governo

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Foto: Divulgação
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A queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu terceiro mandato tem gerado um efeito colateral dentro e fora do governo: o crescente escrutínio sobre a primeira-dama, Janja da Silva. Pesquisa do Instituto Datafolha aponta que 36% da população rejeitam as atitudes de Janja. Críticos sustentam que sua forte presença nas redes sociais e influência em decisões do governo vêm contribuindo para o desgaste da imagem presidencial.

Nos últimos meses, a primeira-dama se tornou protagonista de polêmicas, desde a falta de transparência em sua agenda até episódios como o vazamento de detalhes do desfile da Portela, quando divulgou por engano informações sobre a águia sigilosa da escola de samba. A repercussão negativa reforçou a percepção de que sua atuação pode, segundo opositores, estar prejudicando o governo.



Termômetro das redes sociais: mais críticas que apoio

Levantamento da consultoria Bites revela que nos últimos meses, que Janja foi mencionada 704 mil vezes em plataformas como X (antigo Twitter), Instagram, Reddit, YouTube e Facebook. Dessas menções, 53,4% foram negativas, enquanto apenas 14,4% tiveram tom positivo. O restante foi considerado neutro.

O conteúdo com maior engajamento recente veio do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que ironizou a atuação da primeira-dama ao publicar um vídeo sugerindo que Lula trabalha para “sustentar duas pessoas”. A publicação alcançou 32 milhões de visualizações — um indicativo da força do tema entre a base oposicionista.

Janja na mira da Justiça e do Ministério Público

A atuação institucional de Janja também despertou atenção do Ministério Público Federal. Apenas no último mês, quatro representações foram protocoladas por parlamentares questionando os gastos relacionados à primeira-dama. 


Além disso, o vereador Guilherme Kulter (Novo), de Curitiba, ingressou com ação alegando que Janja fere princípios da administração pública ao manter 12 assessores em sua equipe no Palácio do Planalto e acumular R$ 1,2 milhão em viagens. O caso foi aceito pelo STJ, que determinou o prosseguimento na Justiça Federal do Distrito Federal — o que pode abrir novos capítulos nesse embate jurídico e político.

Efeitos colaterais para o governo Lula

A presença midiática de Janja e as críticas à sua atuação institucional estão criando um dilema para o Planalto. Interlocutores do governo admitem que o desgaste pode respingar diretamente na imagem de Lula, que já enfrenta desafios na economia, dificuldades de articulação no Congresso e pressão por resultados administrativos.

Resta saber se o governo adotará medidas para conter os danos — como uma reconfiguração do papel institucional da primeira-dama — ou se manterá a atual linha, com Janja como figura influente e ativa no cenário político e simbólico do terceiro mandato petista.

Entre o protagonismo e o risco político

O caso de Janja escancara os limites entre a atuação pública e privada da figura da primeira-dama. Sua visibilidade, que inicialmente ajudou a humanizar o presidente, agora se mostra uma faca de dois gumes. A oposição, por sua vez, encontrou em Janja um novo alvo para desgastar o governo. A pergunta que resta: o Planalto conseguirá recalibrar essa equação antes que o desgaste se torne irreversível?