
A ambição presidencial do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), esbarra em um desafio crucial: a dificuldade de converter seu capital político em votos para aliados. Com derrotas recentes em eleições municipais e baixo desempenho nas pesquisas para seu possível sucessor no estado em 2026, Zema enfrenta questionamentos sobre sua capacidade de articulação e influência eleitoral.
O fracasso nas eleições de Belo Horizonte: um sinal de alerta
Nas eleições municipais de 2024, Zema indicou sua ex-secretária de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto , como vice na chapa do deputado Mauro Tramonte (Republicanos) para a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte. Apesar de liderar os primeiros levantamentos de intenção de voto, a candidatura de Tramonte não apenas perdeu fôlego como sequer chegou ao segundo turno, evidenciando uma falha na estratégia de aliança e transferência de prestígio político.
A aposta em Mateus Simões: um sucessor em crise
A aposta atual de Zema está voltada para o vice-governador Mateus Simões (Novo), nome que o grupo político pretende apresentar como candidato à sucessão estadual em 2026. Com o objetivo de ampliar sua exposição pública, Simões vem sendo escalado para representar o governo em eventos estratégicos e anúncios de grande interesse público, como a visita recente às obras de expansão do metrô até o Barreiro — ocasião em que concedeu entrevistas e assumiu protagonismo nas agendas oficiais.
Entretanto, a recepção do eleitorado ainda é modesta. Pesquisa divulgada pelo Instituto Paraná na última semana aponta que Mateus Simões aparece com apenas 2,7% das intenções de voto para o governo de Minas Gerais. O levantamento mostra a liderança de nomes com maior recall e presença nacional, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (Republicanos) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD).
Os dados reforçam um ponto de atenção para o grupo político liderado por Zema: a dificuldade de consolidação de um sucessor competitivo, mesmo com o uso da máquina e da estrutura do governo estadual para alavancar sua imagem. A baixa adesão popular a Simões, somada ao desempenho frustrante de Luísa Barreto em 2024, levanta dúvidas sobre a efetividade da liderança de Zema enquanto articulador eleitoral e seu real peso na corrida presidencial que se aproxima.
Manifestação a favor do projeto de anistia
O governador Romneu participou no domingo de um ato em São Paulo ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em apoio ao projeto de lei que propõe anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. A manifestação, convocada por aliados de Bolsonaro, teve como objetivo pressionar o Congresso Nacional a votar a favor da proposta.
Durante o evento, líderes políticos e parlamentares da oposição ao governo Lula discursaram em defesa dos manifestantes presos após a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. O projeto de anistia é alvo de polêmica, uma vez que tenta reverter as condenações impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a centenas de envolvidos nos atos antidemocráticos.
Zema, que tem adotado um discurso cada vez mais alinhado à direita bolsonarista, não discursou, mas marcou presença ao lado de outras lideranças conservadoras. Sua participação foi interpretada como um gesto político de apoio à narrativa de perseguição aos presos do 8 de janeiro, contrariando decisões judiciais e o entendimento do STF, que classificou os ataques como tentativa de golpe de Estado.