Rodrigo Lopes

Bolsonaristas apostam em governadores em ato, não em público

Após fracasso no Rio, aliados tentam mostrar força com líderes aliados em nova manifestação pela anistia, na Avenida Paulista

Bolsonaro em manifestação
Foto: Reprodução
Bolsonaro em manifestação


Após o baixo comparecimento à manifestação em defesa do projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, realizada no último domingo (31) em Copacabana, no Rio de Janeiro, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)  já se preparam para uma nova tentativa de mobilização.

O próximo ato está marcado para este domingo, na Avenida Paulista, em São Paulo.

Desta vez, a estratégia do grupo bolsonarista tem como foco central não o número de participantes, mas a presença de autoridades políticas.

Segundo os organizadores, o evento terá “um número recorde de governadores e parlamentares”, com destaque para a participação dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Jorginho Mello (PL-SC) — todos aliados de Bolsonaro.


O governador mineiro, que recentemente intensificou seu apoio público à anistia, inclusive ao compartilhar um “hino gospel” em suas redes sociais como forma de apoio simbólico, é esperado como um dos principais oradores do evento, ao lado de Tarcísio de Freitas.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) , um dos principais nomes do bolsonarismo nas redes sociais, também confirmou presença.

Mobilização espontânea e expectativas controladas

A mudança de tom entre o ato do Rio e o de São Paulo já se faz notar entre os próprios organizadores.

O pastor Silas Malafaia, que atua na linha de frente das mobilizações, tratou de minimizar as expectativas quanto ao público na Avenida Paulista. “Eu até brinco com o pessoal que quem tem onisciência é Deus, não eu. Eu sei que vai ter muita gente. Agora, número, não sei”, disse, em entrevista.

Sobre o esvaziamento do evento no Rio, Malafaia revelou ter alertado o ex-presidente sobre os riscos de convocar uma manifestação em horário e local pouco favoráveis.

“Eu avisei o Bolsonaro: ‘carioca, no domingo, acorda mais tarde, se der praia, piora, tem jogo Fla-Flu’. Mas ele: ‘não, vamos fazer, vamos fazer. Depois fazemos um em São Paulo’”, afirmou o pastor.

Apesar da tentativa de manter o entusiasmo, os organizadores admitem que o comparecimento popular será difícil de prever. Argumentam que, por se tratar de uma manifestação de caráter “espontâneo”, não há como estimar o número de participantes com antecedência.

A expectativa é que a mobilização em São Paulo seja mais expressiva do que a do Rio, tanto pelo peso político da capital paulista quanto pela presença mais garantida de lideranças conservadoras do Sudeste.

A manifestação de domingo é vista como um novo teste de força para o bolsonarismo nas ruas, em meio à discussão sobre o projeto de lei que propõe anistiar os envolvidos na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

Embora ainda sem consenso no Congresso, a pauta tem mobilizado a base bolsonarista nas redes e nas falas de parlamentares alinhados ao ex-presidente.

Com foco na rearticulação do grupo e no reforço simbólico à narrativa de perseguição política, o ato deste domingo poderá indicar o grau de mobilização real do bolsonarismo em 2025 — e sua capacidade de aglutinar forças em torno de uma agenda específica no cenário pós-eleitoral.