Vai na fonte
Reprodução
Vai na fonte

O ex-candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal, é amplamente conhecido por suas palestras motivacionais e métodos de desenvolvimento pessoal, incluindo sua promissora fórmula para aprender inglês fluentemente. Em uma de suas pregações sobre prosperidade e aprendizado acelerado, ele afirmou que é possível se tornar um verdadeiro “top” no idioma em até cinco anos com sua metodologia. Contudo, algumas situações recentes levantam dúvidas sobre a própria aplicação desses métodos por parte de Marçal.

Durante uma viagem aos Estados Unidos, Pablo Marçal precisou da assistência de uma tradutora para conceder uma entrevista à emissora Real America’s Voice, na posse do presidente Donald Trump. Na ocasião, a tradutora mediava todo o diálogo, traduzindo perguntas do inglês para o português e, posteriormente, as respostas de Marçal para o inglês. Essa dependência de um intermediário para comunicação em inglês contradiz diretamente suas próprias promessas de aprendizado rápido e eficaz.

Outro episódio que reforça a incoerência foi registrado em um vídeo compartilhado pelo próprio Marçal, no qual ele aparece ao lado da “profetisa” americana Cindy Jacobs . Durante o encontro, Jacobs faz uma oração com o auxílio de uma tradutora simultânea. A questão que surge é clara: se seus métodos realmente funcionam de forma tão eficaz, por que o próprio Marçal parece incapaz de interagir diretamente em inglês?

Esses casos vão além de uma simples questão de incongruência pessoal. Eles ilustram um fenômeno mais amplo: o surgimento de figuras que prometem fórmulas mágicas para o sucesso, mas cujas próprias práticas não corroboram essas promessas. O discurso de Marçal combina elementos plausíveis, como a ideia de imersão para aprendizado de idiomas, com argumentos que carecem de embasamento mais profundo ou aplicação prática comprovada.

Entre as técnicas defendidas por ele, está a proposta de passar três meses em um país de língua inglesa, como a Inglaterra, evitando qualquer contato com brasileiros. Segundo Marçal, essa imersão intensa seria capaz de “esticar o cérebro”, levando a um aprendizado acelerado. Embora a imersão seja reconhecida como uma ferramenta eficaz por especialistas, ela é apenas uma das diversas etapas necessárias para a aquisição de um idioma. Fatores como estudo estruturado da gramática, prática da escuta ativa e revisão espaçada também são cruciais e não podem ser negligenciados.

A abordagem de Marçal é sintomática de um mercado saturado de “mentores” que oferecem caminhos rápidos e milagrosos para o sucesso. Muitos deles ignoram as nuances e os desafios reais enfrentados por aqueles que buscam atingir objetivos ambiciosos. No caso de Marçal, suas limitações linguísticas contrastam diretamente com sua tentativa de posicionar-se como uma autoridade no assunto.

Para o público, fica o alerta: antes de abraçar qualquer método ou filosofia de aprendizado, é essencial avaliar não apenas o discurso, mas também as práticas e os resultados de quem o promove. A transparência e a coerência são fundamentais para garantir que as promessas feitas correspondam à realidade apresentada.

Com O Globo

O post Em palestras, Marçal ensina como aprender inglês, mas recorre a tradutora nos EUA apareceu primeiro em Vai na Fonte .

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!