
A ex-secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, ex-primeira Dama americana classificou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como "corrupto" em uma postagem feita na rede social Bluesky. O comentário veio acompanhado de uma crítica direta ao ex-presidente Donald Trump, que anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre a carne bovina brasileira, em um gesto considerado retaliatório contra a condução do processo judicial que Bolsonaro enfrenta no Brasil.
“Você está prestes a pagar mais pela carne bovina não apenas porque Trump quer proteger o seu amigo corrupto... mas também porque os republicanos no Congresso decidiram ceder-lhe o seu poder sobre a política comercial ”, escreveu Hillary.
A declaração da democrata foi feita após Trump publicar uma carta em tom beligerante nas redes sociais, na qual acusa o Brasil de praticar “uma vergonha internacional” contra Bolsonaro, que chamou de “líder altamente respeitado”. A carta afirma ainda que o julgamento do ex-presidente brasileiro “não deveria estar acontecendo” e pede que o processo seja encerrado “IMEDIATAMENTE”.
Diplomacia às avessas: Trump defende Bolsonaro, penaliza o Brasil
Nos bastidores de Brasília, o gesto de Trump é visto como uma interferência sem precedentes em assuntos internos do Judiciário brasileiro, além de um golpe direto contra o agronegócio — setor que, paradoxalmente, é uma das principais bases de apoio de Jair Bolsonaro.
A tarifa de 50% sobre a carne brasileira prejudica exportadores do Centro-Oeste e do Sudeste e amplia a tensão entre o atual governo e o campo conservador. A medida também provocou reação imediata de setores empresariais de São Paulo, que buscaram interlocução com o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), e com o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Eduardo Bolsonaro age como emissário do pai
Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal licenciado, tem atuado nos Estados Unidos como elo informal entre o bolsonarismo brasileiro e o trumpismo. Ele teria viajado ao país para tentar convencer Trump a pressionar publicamente o governo Lula e o Supremo Tribunal Federal, visando deslegitimar o processo judicial contra seu pai.
O próprio presidente Lula fez menção ao movimento de Eduardo durante discurso em Linhares (ES), nesta sexta-feira (12):
" A coisa (Jair Bolsonaro) mandou o filho, que era deputado, se afastar da Câmara para ir lá ficar pedindo "Ô Trump, pelo amor de Deus, solte meu pai, não deixa meu pai ser preso". É preciso essa gente criar vergonha na cara " afirmou.
Lula também afirmou que irá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e ao BRICS para tentar reverter a taxação.
Exportação de crises e aliança entre populismos
Para analistas ouvidos, o episódio marca um novo estágio da cooperação entre a extrema direita internacional. “Trump está usando o Brasil como palco de sua campanha eleitoral. E Bolsonaro se apresenta como mártir da guerra contra o sistema. Essa simbiose tem efeitos colaterais graves, inclusive econômicos.
O gesto de Hillary Clinton, embora informal, escancara a divisão interna na política americana diante da influência de Bolsonaro no bolsonarismo global. Enquanto Trump o trata como aliado estratégico, setores democratas o veem como símbolo de corrupção, desinformação e autoritarismo.
Com Bolsonaro inelegível e réu por falsificação de dados em carteiras de vacinação, a aposta de seu entorno agora é internacionalizar sua narrativa de perseguição — mesmo que isso custe bilhões ao Brasil em perdas comerciais.