Rodrigo Lopes

PT elege novo presidente; Edinho é o favorito com apoio de Lula

O nome do ex-prefeito de Araraquara seria o da continuidade, da confiança do presidente da República e da estabilidade partidária rumo a 2026

Ex-ministro Edinho Silva
Foto: Cláudio Gatt
Ex-ministro Edinho Silva


O Partido dos Trabalhadores  (PT) entra neste domingo em um momento decisivo de sua trajetória : após 12 anos sem eleições diretas para sua presidência nacional, mais de 1,6 milhão de filiados estão aptos a votar no novo dirigente que conduzirá o partido nos próximos quatro anos — um ciclo estratégico que culmina na eleição presidencial de 2026.

Com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, é o nome da estabilidade e do alinhamento entre partido e governo. Ligado à corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), Edinho representa a continuidade da linha política que garantiu ao PT vitórias eleitorais e capacidade de articulação nacional, inclusive nos momentos mais difíceis da história recente da legenda.

Lula, CNB e a engrenagem partidária rumo a 2026

A candidatura de Edinho não é apenas simbólica — ela traduz o desejo de Lula de ter no comando do partido alguém de sua mais estrita confiança, com capacidade de articulação institucional, gestão política e comunicação com a base.


Se eleito, Edinho será um dos principais pilares da construção do projeto de reeleição de Lula. Sua missão será manter a legenda coesa, ativa nas redes e presente nos territórios populares, ao mesmo tempo em que fortalece a bancada no Congresso Nacional e protege o governo dos ataques da extrema direita.

A CNB, corrente histórica do PT, aposta na maturidade política de Edinho e na unidade como resposta aos tempos de instabilidade e polarização. O momento exige firmeza e organização — e não aventuras retóricas ou disputas simbólicas internas.

Rui Falcão representa um retorno ao passado

Do outro lado da disputa está o deputado federal Rui Falcão, de 81 anos, que tenta resgatar uma visão nostálgica do PT — mais voltada para o debate ideológico e menos para a governabilidade real.

Apesar de afirmar que não se coloca contra Lula, Falcão representa setores que, na prática, defendem um PT com menor vínculo com o governo, mais independente e mais centrado em discursos que pouco dialogam com a conjuntura real. Sua candidatura tem valor histórico, mas pouca viabilidade política diante da atual correlação de forças internas.

Falcão já presidiu o PT por duas vezes, foi relevante em sua época, mas hoje enfrenta um partido mais complexo, mais amplo e mais desafiado do que aquele dos anos 1990. Forçar um segundo turno pode até reabrir o debate interno, mas dificilmente altera o rumo estratégico da legenda.


Pluralidade e fidelidade partidária

Completam a disputa Romênio Pereira (Movimento PT) , 65 anos, dirigente fiel ao partido e quadro histórico, e Valter Pomar (Articulação de Esquerda) , 58 anos, defensor de um PT mais combativo à esquerda, mas sem capilaridade eleitoral nas instâncias nacionais.

Ambos contribuem para manter a tradição petista de pluralidade e debate interno, mas a disputa real está entre a confiança de Lula e o desejo de setores minoritários de reabrir discussões superadas.

Militância mobilizada para decidir os próximos passos da luta
A votação será feita por cédulas de papel em praticamente todo o país, com exceção de 16 estados onde o uso de urnas eletrônicas foi autorizado. O resultado deve ser divulgado ao longo da semana, incluindo também a composição das direções estaduais e municipais.

O PT, mesmo com décadas de história, continua sendo um partido em movimento. E mais uma vez, a militância tem a chance de decidir os rumos da legenda que mudou o Brasil, reconstruiu o país e hoje sustenta o único projeto popular e democrático no poder.