
A recente declaração de Eduardo Bolsonaro, deputado federal — “Se houver o cenário de terra arrasada, pelo menos eu estarei vingado desses ditadores de toga” — feita em referência ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos às exportações brasileiras, não pode ser tratada como simples retórica exaltada. O deputado chegou, inclusive, a sugerir uma invasão militar dos Estados Unidos no Brasil. Trata-se de um alerta direto e grave: há, em curso, um projeto de poder que não hesita em sabotar o próprio país para satisfazer os desejos de vingança de uma família política acuada por investigações e julgamentos legítimos.
O Brasil como peça descartável
A fala do deputado federal licenciado expõe o que já se tornou evidente: setores do bolsonarismo abandonaram qualquer compromisso com a legalidade e com os interesses nacionais. O Brasil, para eles, é um instrumento descartável. Se não serve aos seus projetos de impunidade e dominação, então que seja arrasado.
Eduardo, o agente do trumpismo nos EUA
Eduardo Bolsonaro hoje atua abertamente como agente do trumpismo fora do Brasil. Instalado nos Estados Unidos, articula — com orgulho — sanções comerciais contra o próprio país, como a tarifa de 50% imposta pelo governo Trump às exportações brasileiras. Seu objetivo não é estratégico, comercial ou diplomático: é pessoal. Quer retaliar o governo Lula e o Supremo Tribunal Federal pelo julgamento de Jair Bolsonaro, mesmo que isso destrua empregos, comprometa empresas e afete a vida de milhares de brasileiros.
Traição não é opinião
O mais grave, no entanto, é a naturalização desse comportamento. Não é aceitável que um parlamentar atue contra os interesses da nação sem enfrentar consequências. Muito menos que se vanglorie disso publicamente, como se sabotagem e traição fossem demonstrações de força política. São crimes — e devem ser tratados como tal.
A estratégia do caos
As declarações do deputado também não estão isoladas. Elas se somam a manifestações anteriores de apoio à intervenção militar estrangeira, ataques ao sistema eleitoral e à constante tentativa de minar a credibilidade das instituições democráticas brasileiras. Eduardo Bolsonaro e seus aliados não escondem mais: se não puderem vencer, preferem destruir o sistema.
Nem silêncio, nem normalização
Este não é um momento para tibieza. O silêncio institucional diante desse tipo de afronta só fortalece o autoritarismo. É dever do Congresso Nacional se posicionar. É dever do Ministério Público agir. É dever do Supremo Tribunal Federal proteger a Constituição. E é dever da imprensa denunciar — com clareza e responsabilidade — o perigo que esse discurso representa.