
A manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ontem na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, demonstrou um enfraquecimento de sua capacidade de mobilização. O público esperado pelos organizadores era de 1 milhão de pessoas, mas a estimativa foi de pouco mais de 18 mil apoiadores, metade do público que compareceu à manifestação de 7 de setembro de 2024.
Diferente dos atos multitudinários que promovia enquanto ocupava o Palácio do Planalto, o evento foi marcado pela baixa adesão popular pela presença exclusiva de parlamentares bolsonaristas.
A Batalha pela Anistia
O objetivo principal do ato era demonstrar força política e pressionar o Congresso Nacional para a aprovação de uma lei que conceda anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas.
No entanto, a baixa participação popular e a ausência de líderes partidários relevantes no evento evidenciam as dificuldades de Bolsonaro em articular apoio suficiente para essa pauta.
Para que a proposta avance, são necessários ao menos 257 votos na Câmara dos Deputados e 41 no Senado. Além disso, Bolsonaro precisaria de apoio popular suficiente para pressionar os presidentes das Casas Legislativas a pautarem o tema. No entanto, a manifestação deste domingo demonstrou que essa força pode não ser mais tão expressiva.
Discurso Inflamado, apoio limitado
Em seu discurso, o ex-presidente tentou passar a impressão de que conta com apoio político relevante, mencionando o presidente do PSD, Gilberto Kassab, como um dos aliados na articulação da anistia. No entanto, nenhum líder partidário de peso esteve presente no evento, com exceção de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro.
A manifestação também foi marcada por discursos inflamados contra o governo Lula e o Judiciário, além de apelos genéricos em nome dos "inocentes" já condenados ou que aguardam julgamento pelos atos de 8 de janeiro. O ato reforça a dificuldade do ex-presidente em reunir apoios institucionais e populares para viabilizar sua estratégia de defesa dos envolvidos na tentativa de golpe.
O cenário evidencia um dilema para Bolsonaro: sem a capacidade de mobilização massiva que teve no passado e sem garantias de apoio congressual, a aprovação da anistia parece cada vez mais distante.