sessão da Câmara
Câmara dos Deputados
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O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha , adquiriu um imóvel de mais de 600 metros quadrados na rua Fernandes Tourinho, no bairro Savassi, uma das regiões mais valorizadas de Belo Horizonte. A movimentação reforça sua intenção de transferir o domicílio eleitoral para a capital mineira e disputar uma cadeira como deputado federal por Minas Gerais nas próximas eleições. A ex-presidente Dilma Rousseff, que teve seu impeachment conduzido por Cunha em 2016, também possui domicílio eleitoral no estado.

Um novo escritório e uma rádio evangélica

O imóvel recém-adquirido anteriormente abrigava uma agência bancária que, em 2017, foi usada por Mendherson Souza Lima e Frederico Pacheco, que foram acusados em um esquema ilícito de propinas da JBS. Eles foram ligados aos ex-senadores Zezé Perrella e Aécio Neves (PSDB). Pacheco foi flagrado transportando dinheiro em espécie, e Lima realizou retiradas para repassar valores, de acordo com relatório da Polícia Federal

O imóvel permaneceu fechado por mais de quatro anos. Atualmente, o local passa por reformas, gerando queixas de vizinhos devido ao barulho e à poeira. O gerente da construtora responsável afirmou que, embora o condomínio possa aplicar multas, a conclusão da obra é necessária.


Além de servir como escritório político do ex-deputado, o espaço também abrigará uma rádio evangélica ligada ao Ministério de Madureira, igreja da qual Cunha é um dos líderes. A decisão de estabelecer uma base de operações em uma área central da capital mineira pode ser vista como uma estratégia para consolidar sua presença tanto na política quanto no meio religioso, ampliando sua influência no estado.

Tentativa de retorno à política 

Eduardo Cunha, cassado em 2016 por quebra de decoro parlamentar ao ocultar a existência de contas bancárias no exterior, tentou retomar a vida política em 2022. Após seis anos afastado dos cargos públicos, ele concorreu ao Congresso Nacional por São Paulo, pelo PTB, mas obteve apenas 5.044 votos, número insuficiente para garantir uma cadeira na Câmara. Apesar de sua derrota, sua filha Daniella Cunha (União Brasil) foi eleita deputada federal pelo Rio de Janeiro.

A cassação de Cunha o tornava inelegível até 2026, conforme a Lei da Ficha Limpa. No entanto, em 2022, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) suspendeu os efeitos da decisão, permitindo sua candidatura. Agora, com a mudança para Belo Horizonte e a instalação de uma base política na cidade, Cunha se posiciona para uma nova disputa eleitoral, apostando em sua ligação com setores religiosos e na comunicação direta com seu público por meio da rádio.

Estratégia para reconquistar apoio

A presença de Eduardo Cunha em Minas Gerais pode ser interpretada como uma tentativa de se reconectar com uma base de apoio fiel e influente. Utilizar uma rádio evangélica como plataforma de comunicação reforça sua estratégia de aproximação com o eleitorado conservador, enquanto a escolha de um imóvel na Savassi demonstra sua aposta na visibilidade e no fortalecimento de sua imagem pública na capital mineira.

Ainda resta saber se essa movimentação será suficiente para reabilitar sua trajetória política e garantir apoio eleitoral no estado. Com um histórico de influência e polêmicas, Cunha parece disposto a retomar o protagonismo no cenário nacional, agora a partir de Minas Gerais.

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